Mapa Mental
terça-feira, 13 de setembro de 2011
Desenvolvimento de A Cidade e os Olhos 3
(As Cidade Invisíveis de Ítalo Calvino)
Bauci é uma cidade misteriosa que se encontra muito acima do solo, tão alta que chega a se perder entre as nuvens, o que a sustenta são as longas pernas de dois flamingos. É estranho de se imaginar como pernas que são tão finas, podem sustentar uma cidade inteira. O que o narrador diz é que as pernas se comportam como colunas sustentadoras, a base dessas colunas que no caso são os pés do flamingo são os únicos a tocarem o chão abaixo da cidade.
Um grande enigma envolve Bauci, não se sabe ao certo o porquê de seus habitantes não descerem ao solo. Na descrição três hipóteses são apontadas, porém nada é definido deixando com o leitor a oportunidade de imaginar qual delas será a verdadeira.
A primeira suposição é que os habitantes repulsam a terra, odeiam-na tanto que não se arriscam de forma alguma a tocá-la. Não se submetem a uma convivência forçada, apenas fingem que não existe nada abaixo de sua cidade, simplesmente a ignoram. Outra hipótese apontada, é o respeito que os habitantes cultivam por Bauci. Esse sentimento que os levam a tratar a cidade com grande atenção, profunda deferência e consideração, é um respeito tão grande que não permite contato entre ambos.
E por fim, a última suposição apontada é o amor que os habitantes sentem pela terra, na sua forma mais pura, como era antes de existirem. Esse amor os leva a observá-la minuciosamente.
Pela imagem pode-se perceber que o motivo da não descida dos cidadãos a terra, é o respeito e o amor exagerado que cultivam por ela. Amor e Respeito: ambos juntos elevam o sentimento de apego e bem querer que sentem, valorizando ainda mais o solo e tudo de natural que há nele. Já que é intocada pode ser considerada pura, ainda na sua essência totalmente natural, sem o intervencionismo do ser humano. Adoram-na tanto que não se atrevem a tocá-la, como uma terra sagrada que não merece as sujidades de pobres mortais pecadores. O máximo que lhes permitem é apreciá-la apenas com o olhar, para isso, utilizam binóculos e telescópios, já que se encontram tão acima e tão longe dela. Visualizam cada pormenor, cada pequena espécie de plantas e animais que lá existe. O prazer dos habitantes está no ato de observá-la, apreciá-la o máximo que puderem, perceber cada uma de suas características, cada detalhe por mais simples que seja.
Há uma enorme escada que liga a cidade ao solo, apesar de não ser usada nunca, ela é de grande importância para a população porque é um meio de ligação entre a cidade e a terra, uma ligação para o que ainda é puro, quase sagrado. Não se sabe ao certo como foi possível construir uma escada sem que se toque no solo, a única coisa que se tem notícia sobre o assunto é que a construção levou longos anos, anos árduos de trabalho e esforço contínuo. Mas como a fizeram? Esse é somente mais um grande mistério que envolve Bauci.
A maioria de seus moradores não tem muito tempo para o lazer, habitualmente se encontram no trabalho ou nos afazeres domésticos, o maior prazer que encontram é o de observar a terra. Normalmente as crianças o fazem com maior frequência, já que possuem maior quantidade de tempo, motivadas pelos adultos, são movidas pela curiosidade, pelo fascínio que é observar a terra e o que se encontra nela. No caso dos adultos, o rito de observação somente é possível no período de folga, já que necessitam do trabalho para o sustento próprio e o da família, dessa forma sendo ainda mais prazeroso e fascinante o exercício de observação.
As principais edificações da cidade são: uma pequena capela, um farol, uma casa e um prédio. A capela é freqüentada por todos os habitantes de Bauci, onde há missa pela manhã somente aos domingos, sempre celebrada pelo mesmo padre. O farol ilumina toda a cidade durante a noite, o que deixa os habitantes menos temerosos perante os mistérios da escuridão que tanto os apavoram. O prédio é onde mora todos a população da cidade, todo comércio, administração política e econômica urbana também é concentrado em seu interior. A única casa da cidade hoje em dia não é mais habitada, é apenas um resquício da primeira edificação de Bauci, a família que lá morava era também um grande mistério, foi exatamente essa família que surgiu o amor e o respeito exacerbado pelo solo, dessa forma abriu alas à tradição da terra intocada.
Bauci também é conhecida pela suas plantações de girassóis, flores preferidas do prefeito. Quando tomou posse, a primeira coisa que fez foi criar campos gigantescos com essa flor de singular beleza. Toda a cidade, hoje tem orgulho da perfeição desses campos que se perdem no horizonte.
A cidade recebeu este nome em homenagem a esposa de Filêmon.Na mitologia, Bauci e Filêmon foram metamorfoseados em árvore , sendo assim árvores gêmeas. Antes de ser habitada a única coisa que existia na cidade eram duas árvores totalmente iguais, que logo foram associadas a Bauci e Filêmon. No entanto para se construir as edificações foi necessário a derrubada de uma das árvores para servir de matéria prima, restando assim somente uma delas, que logo foi chamada de Bauci, e portanto a cidade toda também levou esse nome. Hoje a árvore é representada como o ponto turístico mais conhecido da região, e é muito respeitada pelos habitantes da cidade que sempre a visitam para uma leitura, um piquenique, uma soneca ou simplesmente um rápido descanso à sua sombra.
Bauci apesar de complexa sempre será lembrada por quem algum dia passou por lá. Jamais esquecerá de seus mistérios, seu povo cordial, seu encanto, sua beleza sobrenatural. Seus habitantes sempre contemplarão toda a essência da beleza extravagante, inacreditável e surreal da cidade, e darão graças por morarem em um lugar tão especial e diferente de tudo que se vê.
segunda-feira, 12 de setembro de 2011
domingo, 11 de setembro de 2011
sábado, 10 de setembro de 2011
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